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Passagens aéreas agora podem ser compradas em supermercados, redes de lojas varejistas e, em breve, quem sabe até em farmácias. Depois desses anúncios, acredito que nada mais vá nos surpreender. E o discurso ao anunciar acordos deste tipo é sempre o mesmo: facilitar o acesso da classe C ao transporte aéreo em detrimento às passagens rodoviárias. Sabemos, entretanto, que há muito mais por trás de ações como essas. Há um desejo ávido por lucro. E na ânsia de atrair o cliente para a compra de bilhetes aéreos, pouco importa para a companhia se este novo consumidor está preparado para formular uma viagem de forma independente. Isso não é preocupação. O que vale é mostrar ao acionistas uma rentabilidade crescente. Claro, não podemos impedir que isso aconteça. Quem é dono de um produto pode vendê-lo onde quiser. Mas me pergunto se comprar turismo é tão simples assim, se é possível adquiri-lo e levá-lo para casa sem maiores orientações, como se fosse uma TV, onde basta ler o manual e instalar tudo sozinho. Me pergunto ainda se isso é bom para este novo consumidor, que não é experiente na arte de viajar. Nós, agentes de viagens, também queremos atingir esta nova classe média que surgiu nos últimos anos e passou a consumir o turismo. E para isso, cada vez mais, temos que criar e recriar, nos capacitar, nos adaptar e readaptar ao mercado para facilitar a realização do sonho de viajar. Também queremos aumentar nossa receita, mas ao contrário das empresas aéreas, nós primamos pelo consumidor e estamos lá para orientar, escutar, discutir e planejar com cuidado e segurança cada etapa da viagem. Buscamos, ainda, oferecer vantagens competitivas e os mesmos preços praticados pelas empresas através da internet, mas as companhias aéreas não permitem isso. Quem quiser atendimento humano, ou seja, consultoria e orientação, que pague mais caro. É assim que estas empresas pensam. A questão que fica no ar é de que forma será feita essa comercialização. Sabemos que é ilegal a venda de produtos turísticos por lojas varejistas ou supermercados. Logo, as empresas aéreas terão que contratar novos funcionários para trabalhar nos postos de venda criados. Mas será que o custo para criar essas estruturas de vendas compensa o possível lucro? Não seria mais econômico e inteligente deixar os agentes fazerem esse papel? Começo a acreditar que o desejo incessante por lucro tirou a capacidade de raciocínio lógico dos empresários. Talvez, quando os balcões do Juizado Especial que foram instalados nos principais aeroportos entrarem em colapso diante de um aumento não previsto de queixas e reclamações; quando os processos junto às Procuradorias de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) estaduais forem imensuráveis, alguém tome uma atitude em defesa do consumidor. Por enquanto, o circo está só se armando. Fonte: www.mercadoeeventos.com.br |
"Aquele que não consegue compartilhar seus próprios hábitos deveria abandoná-los" Stephen King
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Na corrida pela classe C
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